quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Ensaio sobre o papel “higiênico”

Caro leitor, o ensaio escrito abaixo deve ser encarado com toda a seriedade a que se propõe. Em sua redação, busquei me utilizar de princípios básicos da lógica de modo que o entendimento da explanação seja fácil para todas as faixas etárias e cores de cabelo. Além disso, fiz uso de acessórios básicos do discurso, como a exemplificação e a comparação (ou símile). O assunto a ser tratado é, indubitavelmente, de interesse mundial e, posso apostar, mudará seu modo de ver o mundo após essa leitura. Por versar sobre um hábito escatológico diário do ser humano (excluindo as variantes da prisão de ventre e diarréia), você, leitor, identificar-se-á com o tema proposto e, de certa forma, desejará intervir ativamente para que a situação que lhe revelarei seja imediatamente modificada. Fosse eu um publicitário, faria um outdoor grifando a questão, fosse eu um político, aproveitaria o horário eleitoral para tratar desse tema (sem dúvida, mais sério), mas sou apenas um escritor e, como tal, resolvi redigir esse texto.
Finalmente, para evitar futuras inimizades, recomendo que o senhor leitor não vá ao parágrafo seguinte caso esteja comendo ou pensando em realizar, em breve, alguma refeição.
Como é sabido, o papel higiênico é um dos principais pilares na higiene humana, sendo um instrumento de uso puramente pessoal, já que alcança lugares nunca alcançados por outrém (assim espero). Sendo um aparato que abrange um leque de opções de uso, reter-me-ei em sua utilização mais singular e escatológica: a limpeza do ânus após o chamado, simpática e algebricamente, de número 2.
Após uma extensa e cuidadosa pesquisa bibliográfica (www.wikipedia.com), descobri que existe um mistério em relação à criação de tal objeto que defino, sem exageros, como o considerado melhor amigo do homem desde a extinção do bidê. Enquanto alguns defendem que foi criado pelos chineses no ano 875, outros atribuem o feito ao nova-iorquino Joseph Gayetty no ano de 1857. Pouco importa, na verdade. O que vale mesmo é saber que tal descoberta substituiu as folhas de alface e sabugos de milho antes utilizados, diminuindo não só a fome mundial como também o mercado consumidor de Hipoglós.
Apesar dessa paixão massiva por tal artefato, meus esforçados estudos em Física e Química levaram a uma revelação bombástica: O papel higiênico não é nem um pouco higiênico! Não ouso pensar que apenas eu, humilde escritor, tenha chegado a tal conclusão. No entanto, é importante grifar que a divulgação de tal descoberta prejudicaria não só as grandes indústrias desse produto como também as grandes empresas publicitárias, supermercados e vendinhas. Sendo assim, afirmo, sem medo, que, talvez, seja este o primeiro e último ensaio que farei em minha insignificante vida. Caso me encontrem morto no quarto, pendurado pelo pescoço simulando suicídio, saibam que fui assassinado. Terei morrido para defender algo em que acredito!
Aproveitando que meu coração ainda bate, continuarei o ensaio: Visando evitar mal estar e vômito durante a leitura desse texto, utilizar-me-ei de uma analogia para demonstrar a situação-problema:
Imagine, senhor leitor, um sanduíche. Não daqueles saborosos e fartos do Mac Donald’s, mas um singelo. Duas fatias de pão de fôrma e uma grossa camada de manteiga. Imaginou? Pois bem... Agora pense que você tem um pedaço de papel higiênico em mãos e, com ele, deverá retirar toda (eu disse TODA) a manteiga entre aqueles pães. Nesse contexto, é importante lembrar que é proibido separar bruscamente as duas fatias, podendo fazer apenas uma aberturazinha para facilitar a “limpeza”. Assim sendo, eu pergunto: Você conseguiria remover a manteiga? (Caso sua imaginação tenha encontrado limites no experimento, peço que tente fazer isso em casa. Não perderá muito tempo). Tenho certeza, a sua resposta é não. Não, leitor! Você não conseguirá remover a manteiga depositada entre as duas fatias de pão! No máximo, a passada do papel higiênico irá espalhar ainda mais a manteiga, retirando o excesso e deixando um maldito restinho grudado por lá... Entende aonde eu quero chegar? Como uma espátula macia, o papel higiênico retira o excesso, mas lambuza o restante... (Caso não tenha entendido, leve o texto à sua professora).
Fazendo uma rápida comparação e colocando o papel em seu verdadeiro papel (sem trocadilhos), você, leitor, chegará a uma conclusão nada satisfatória, porém real: o papel higiênico é mais um produto de sucesso desse capitalismo selvagem que nos consome e nos mantém sujos! Sim, esse rolo que você guarda com tanto carinho no armário, pseudo-macio e com cheiro de rosas, é, na verdade, uma farsa! Assassinaram o bidê, condenaram o banho após a evacuação... Tudo para quê? Para que o papel higiênico reinasse soberano!
Você pode achar que isso tudo é besteira e sou apenas mais um alienado que não conseguiu entrar pro BBB. Mas não. Eu falo sério. Como consolo, só me resta a certeza de que, da próxima vez que for ao banheiro, você irá hesitar antes de se lambuzar todo.

FIM

Um comentário:

Adônis D T disse...

Deu pra perceber que qnd eu descobri o blog, li tudo de uma vez, né?

Gostei desse texto tbm.. hilário..

Que exagero a comparação, hein! Num pão cheio de mantega, soh dá pra limpar uma frestinha! oO

Vou pensar melhor da proxima vez que tiver em duvida entre papel higienico exageradamente suave ou com cheiro de um campo de papoulas...

É tudo parte da conspiração msm

;)